segunda-feira, 30 de junho de 2008

Reconciliação com o (bom) futebol


Pode parecer redundante falar do nível do futebol visto nas últimas três semanas em campos austríacos e suíços, mas como os mestres Juca e Tostão o fizeram, me sinto à vontade para voltar a elogiar o toque de bola e a ofensividade dos participantes da Euro 2008. O fracasso de retrancas como a italiana, atual campeã mundial, e a russa - que apresentava até a semi-final um futebol vistoso mas abdicou de atacar e fracassou na busca pela vaga na final - demonstram possíveis novos rumos para o futebol. Outro destaque da competição foi a estrutura dos estádios e gramados, outra redundância em se tratando de competições futebolísticas no Velho Mundo.
E como um prêmio ao bom futebol, que nem sempre é justo, a merecedora Espanha ficou com o caneco. Talvez inspirados pelo cinquentenário do fim da nossa síndrome, a Fúria Vermelha se livrou do seu complexo de vira-lata e não deu muitas chances para a sempre favorita Alemanha. Com seu futebol pragmático, sempre perigoso na bola aérea, defensores altos e uma frieza incomum, os alemães atropelaram na segunda fase, mantendo sempre seu jogo sólido e contando com Ballack no seu máximo. Chegaram com um certo favoritismo na última partida, mas a Espanha não deixou por menos, e com uma campanha igualmente regular aparecia como forte candidata apostando no seu toque refinado e em sua dupla inspirada de atacantes.
A tônica da partida final foi exatamente essa: a Alemanha fria, alçando bolas e acionando Ballack e a Fúria tocando a bola, apostando no conjunto e contando com atuações sensacionais de Marcos Senna - primeiro brasileiro a vencer a Euro e eleito craque do torneio pela torcida espanhola - e Sérgio Ramos, além do oportunismo de Niño Torres, que não desperdiçou a chance e marcou o gol do título. De quebra foram 9 espanhóis na seleção do campeonato, eleita por uma comissão escolhida pela UEFA, e Xavi Hernández craque do torneio. Barba, cabelo e bigode para a Fúria e sua geração fantástica, e quem ganha é o futebol.
Vai deixar saudade, vamos voltar a realidade e assistir o Brasileirão, mas fica a esperança de um futebol melhor.

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